Internacional vence Fortaleza no Beira-Rio: escalação, mudanças e análise do 2 a 1
Raniere Macias 1 set 0

Pressão, barulho e um time renovado. O Internacional encerrou a 22ª rodada do Brasileirão com vitória por 2 a 1 sobre o Fortaleza, no Beira-Rio, na noite deste domingo (31/8), às 20h30. O resultado veio após duas derrotas seguidas e uma série de ajustes de Roger Machado que mudaram a cara do meio-campo. Do outro lado, a equipe de Renato Paiva seguiu em momento delicado: penúltima colocação, cinco jogos sem vencer e pouco poder de reação.

O jogo valia mais do que três pontos. Para o time gaúcho, era a chance de estancar a sangria e retomar confiança com a torcida. Para o Fortaleza, um duelo direto para sair do sufoco. Em campo, a diferença apareceu na execução: o Inter finalizou 15 vezes (7 no alvo), controlou os momentos-chave e foi mais eficiente. O Fortaleza até competiu, criou 10 finalizações (4 certas), mas careceu de volume e consistência na última bola.

Escalações, mudanças e plano de jogo

Roger Machado mexeu no time após o 2 a 1 sofrido para o Cruzeiro. Três trocas: Thiago Maia, Johan Carbonero e Vitinho ganharam vaga, deixando Richard, Bruno Tabata e Wesley no banco. A estrutura foi um 4-4-1-1: Sergio Rochet; Braian Aguirre, Vitão, Juninho e Alexandro Bernabei; Vitinho, Thiago Maia, Alan Rodriguez e Carbonero; Alan Patrick; Ricardo Mathias. Ideia clara: mais equilíbrio por dentro com Thiago Maia ao lado de Alan Rodriguez, amplitude com Vitinho aberto e velocidade de Carbonero para atacar o espaço.

Alan Patrick seguiu como o cérebro entre linhas, orbitando atrás de Ricardo Mathias. Quando tinha a bola, o Inter transformava o 4-4-1-1 num 4-2-3-1, com Patrick se juntando aos pontas e aproximando o centroavante. Sem a bola, linhas mais compactas e agressividade nos duelos do meio, especialmente com Thiago Maia oferecendo coberturas e roubadas na zona central.

Renato Paiva armou o Fortaleza no 4-2-3-1: Helton Leite; Eros Mancuso, Emanuel Brítez, Gastón Ávila e Bruno Pacheco; Matheus Rossetto e Matheus Pereira no duplo volante; Lucca Prior, Tomás Pochettino e Breno Lopes na linha de três; Juan Martín Lucero como referência. A proposta passava por proteger a entrada da área, acelerar pelos lados com Breno e Lucca, e acionar Lucero com cruzamentos e passes verticais de Pochettino e Matheus Pereira.

Na prática, o Inter foi mais confortável com bola. Vitinho prendeu lateral, ganhou corredor para atacar e apareceu na área para finalizar — somou duas finalizações no alvo. Carbonero ajudou a esticar o campo pelo lado oposto e também puxou transições. Com Patrick flutuando, Ricardo Mathias teve abastecimento e participou bem das jogadas de área, atraindo zagueiros e abrindo brechas.

O que decidiu a partida

O que decidiu a partida

O recado do Inter veio cedo: intensidade, posse com propósito e verticalidade quando aparecia espaço. Thiago Maia e Alan Rodriguez deram primeiro passe limpo, permitindo que a equipe girasse o jogo de um lado ao outro até encontrar o corredor. Quando precisava acelerar, Carbonero atacava a última linha; quando precisava pausar, Alan Patrick aparecia entre linhas para organizar.

Nos números, a superioridade colorada foi clara: 15 finalizações a 10 e 7 chutes certos contra 4 do Fortaleza. Esse volume não apareceu por acaso. O Inter conseguiu empilhar ataques em sequência, especialmente quando recuperava a bola já no campo ofensivo. A pressão pós-perda funcionou: a cada retomada alta, a defesa cearense se via desorganizada, e o chute saía com melhor ângulo.

Para o Fortaleza, o problema foi costurar ações de qualidade em série. Houve lampejos — Pochettino encontrou bons passes por dentro, Matheus Pereira tentou dar ritmo na base da tabela, e Lucero brigou por espaço entre os zagueiros. Mas faltou continuidade. Quando o time encaixou cruzamentos, a defesa colorada respondeu bem no jogo aéreo com Vitão e Juninho. Quando tentou por baixo, esbarrou na boa leitura de coberturas pelos volantes.

Alguns pontos explicam o 2 a 1:

  • Amplitude e diagonais: Vitinho abriu o campo, Carbonero atacou a última linha, e Alan Patrick se aproveitou dos espaços entre zagueiro e lateral.
  • Primeira bola qualificada: Thiago Maia e Alan Rodriguez diminuíram erros no passe inicial e deram tempo para o time se organizar ofensivamente.
  • Presença de área: Ricardo Mathias foi ativo, puxou marcação e participou das jogadas que terminaram em finalização.
  • Controle emocional: mesmo quando o Fortaleza cresceu, o Inter administrou melhor as posses longas e não se desorganizou.

Individualmente, alguns destaques. Vitinho foi peça-chave pela objetividade: apareceu para finalizar e também para alongar a defesa rival. Thiago Maia entregou equilíbrio, fechou linhas de passe e deu saída qualificada. Alan Patrick, mais uma vez, foi o ponto de apoio entre os setores. Carbonero levou perigo com conduções e diagonais. Na zaga, a dupla Vitão-Juninho manteve solidez, enquanto Rochet respondeu quando exigido.

Do lado do Fortaleza, Helton Leite trabalhou, a zaga competiu no corpo a corpo, e Pochettino foi o mais criativo. Ainda assim, a equipe sentiu a falta de enfiadas limpas para Lucero e teve dificuldades para sustentar pressão no terço final. Para quem está na parte de baixo da tabela, cada detalhe pesa — a margem de erro é mínima.

O impacto na tabela é direto. O Inter chega a 27 pontos e respira no meio da classificação, quebrando a série negativa e ganhando moral para a sequência. O Fortaleza permanece com 15, ainda pressionado no Z-4 e com urgência para virar a chave. O cenário cobra duas respostas: no Beira-Rio, manter o que funcionou (meio mais sólido, corredores vivos, Patrick livre); no Pici, ajustar a ligação com o centroavante e dar mais fluxo ao último passe.

Em resumo, foi um 2 a 1 que contou história: mudanças assertivas, execução mais afiada e uma noite em que o Inter foi o time com mais ideias e melhores decisões. O Fortaleza competiu, mas ficou devendo no terço final. A diferença, no fim, esteve na clareza do plano e na capacidade de transformar posse em finalização certa.

Dados do jogo:

  • Finalizações: 15 (Inter) x 10 (Fortaleza)
  • Chutes no alvo: 7 x 4
  • Formações: 4-4-1-1 (Inter) e 4-2-3-1 (Fortaleza)
  • Destaques: Vitinho (Inter) com 2 finalizações certas; participação constante de Ricardo Mathias no ataque

Com a torcida junto e um time mais equilibrado, o Inter voltou a somar três pontos. O resultado não resolve tudo, mas dá direção: menos erros na origem da jogada, mais presença no último terço e um plano que potencializa os principais talentos do elenco.