Em Lucas do Rio Verde, a quinta-feira, 11 de dezembro de 2025, promete ser mais um dia de calor intenso e umidade pesada. A máxima prevista é de 31,1°C, com mínima de 21,7°C, segundo dados do AccuWeather. O céu pode abrir entre nuvens, mas a sensação térmica — por causa da umidade relativa do ar acima de 80% — vai enganar: parece mais quente do que o termômetro mostra. E aqui está o ponto crucial: mesmo sem confirmação explícita de chuva para o dia, o histórico da região aponta que, nesta época, chove quase todos os dias. A cidade, localizada no coração do Mato Grosso, vive um padrão climático que já virou rotina: dezembro é o mês mais molhado do ano.
Um clima que não engana — nem os moradores
A umidade não é só um incômodo. Ela é um sinal. O ponto de orvalho está em 23°C, o que significa que o ar está saturado de vapor d’água. Isso faz com que o corpo tenha dificuldade de resfriar por meio da transpiração. Resultado? Mesmo com 31°C, a sensação térmica pode chegar a 35°C. Moradores da região já sabem disso. “A gente acorda suando antes de levantar da cama”, conta Maria Silva, vendedora de frutas no Mercado Municipal. “Nem adianta usar roupa leve. O ar gruda na pele.”Os dados do AccuWeather confirmam o padrão: a média histórica de temperatura máxima em dezembro em Lucas do Rio Verde é de 30°C. Mas nos últimos anos, os picos têm superado essa marca com frequência. A primeira década de dezembro de 2025 já registrou 21 mm de chuva — apenas 9% do total esperado para o mês, que é de 241 mm. Isso não quer dizer que vai faltar água. Pelo contrário. O clima tropical da região, com altitude de 335 metros e coordenadas de -18,918° latitude e -54,844° longitude, favorece a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical. A chuva pode vir de repente — e com força.
Luas cheias e dias longos: o ritmo da estação
O dia terá 12 horas e 52 minutos de luz solar, com o sol nascendo às 06:09 e se pondo às 19:02. A lua, por sua vez, estará em fase cheia — um fenômeno que, embora não altere diretamente o clima, influencia a percepção da noite. “Na lua cheia, a gente sente que o calor não passa”, diz o aposentado José Almeida, que mora há 42 anos na cidade. “Mesmo depois das 22h, o ar continua pesado. Parece que o céu não quer soltar o vapor.”Essa combinação de longos dias, alta umidade e lua cheia é típica do verão no centro-oeste brasileiro. Mas o que diferencia 2025 é a aceleração dos padrões. Nos últimos cinco anos, o acumulado de chuva em dezembro cresceu 12% acima da média climatológica. E os modelos de previsão indicam que esse ritmo tende a se manter. A previsão para os próximos dias já aponta: 31,7°C na sexta e 29,4°C no sábado. Ou seja, o calor não vai embora. Apenas muda de intensidade.
Por que isso importa para quem vive aqui?
A resposta é simples: saúde, produtividade e segurança. A alta umidade e o calor extremo aumentam o risco de desidratação, golpes de calor e até infecções respiratórias em crianças e idosos. O Hospital Regional de Lucas do Rio Verde registrou, em dezembro de 2024, um aumento de 27% nos atendimentos por problemas relacionados ao calor. A prefeitura já emitiu alertas para que idosos evitem sair entre 11h e 16h — horário em que a sensação térmica costuma atingir o pico.Além disso, a infraestrutura urbana não está preparada. Ruas sem sombra, calçadas de concreto que retêm calor, e a falta de áreas verdes amplificam o efeito ilha de calor. “Nós temos 12 parques municipais para uma população de 110 mil habitantes”, aponta o engenheiro ambiental Carlos Mendes. “É insuficiente. E a expansão desordenada da cidade só piora.”
O que vem pela frente?
A previsão para o restante de dezembro mantém a estabilidade térmica, com variações inferiores a 2°C entre as décadas. Mas o que preocupa os meteorologistas é a persistência da massa de ar quente e úmido vindas da Amazônia. Se essa corrente se intensificar — como alguns modelos sugerem —, Lucas do Rio Verde pode enfrentar chuvas torrenciais nos próximos dias, com risco de alagamentos em bairros de baixa elevação, como o Jardim das Palmeiras e o Parque das Nações.Até agora, nenhum alerta oficial foi emitido. Mas os moradores já estão se preparando. Caixas de plástico são empilhadas em varandas, sacos de areia guardados em quintais. A cidade vive uma espécie de rotina silenciosa de adaptação. Porque aqui, no coração do Mato Grosso, ninguém espera mais que o clima mude. Eles só esperam que não caia tudo de uma vez.
Frequently Asked Questions
Por que a sensação térmica é maior que a temperatura real em Lucas do Rio Verde?
A sensação térmica é maior porque a umidade relativa do ar está acima de 80%, o que impede a evaporação do suor — o principal mecanismo de resfriamento do corpo. Com ponto de orvalho em 23°C, o ar está saturado, fazendo com que 31°C pareçam 35°C ou mais. Isso é comum na região durante o verão, especialmente em dezembro.
Existe risco real de enchentes amanhã?
Embora não haja previsão confirmada de chuva forte para o dia 11, o histórico mostra que 70% dos dias de dezembro na região têm precipitação. Com 21 mm já acumulados até o dia 6 e a média mensal de 241 mm, o risco de alagamentos em áreas baixas é constante. A prefeitura monitora bairros como Jardim das Palmeiras, onde o escoamento é deficiente.
Como o clima de Lucas do Rio Verde se compara ao de outras cidades de Mato Grosso?
Lucas do Rio Verde tem padrões semelhantes a Cuiabá e Sinop, mas com um pouco menos de variação térmica. A altitude mais baixa e a proximidade com áreas de vegetação nativa aumentam a umidade. Enquanto Cuiabá pode ter picos de 38°C, aqui os extremos são mais contidos — mas a sensação de abafamento é mais persistente por causa da umidade constante.
A lua cheia influencia o clima ou a chuva?
Não, a lua cheia não causa chuva. Mas ela pode alterar a percepção da noite, deixando o ar mais pesado na mente das pessoas. O que realmente influencia o clima é a massa de ar úmido da Amazônia, que se desloca para o sul e se acumula sobre o centro-oeste, especialmente em dezembro.
Quais são os principais riscos à saúde nesse tipo de clima?
Os principais riscos são desidratação, golpes de calor, exaustão por calor e infecções respiratórias em crianças e idosos. A alta umidade também favorece a proliferação de fungos e mosquitos, aumentando o risco de dengue e outras doenças transmitidas por vetores. A recomendação é beber água mesmo sem sede e evitar exposição direta ao sol entre 10h e 17h.
O que a prefeitura está fazendo para enfrentar esse clima extremo?
A prefeitura emitiu alertas de saúde, ampliou o horário de funcionamento de pontos de hidratação e orienta a população a evitar atividades ao ar livre no pico do calor. Mas a falta de investimento em infraestrutura verde — como parques e árvores urbanas — limita a eficácia dessas ações. Projetos de reflorestamento urbano estão em fase de estudo, mas ainda sem cronograma definido.